Mais de 800 mudas estão em processo de plantio no território, com o trabalho coletivo de toda a comunidade.
Na Ilha do Bananal (TO), o povo Ãwa dá novos passos na recuperação ambiental do território. As ações de plantio e manejo florestal ganham ritmo com o Viveiro Kawú, iniciativa apoiada pela ACT-Brasil e financiada pela Overbrook Foundation e pela Scheidel Foundation.
Plantio avança em áreas alagadas e prepara recuperação das matas
O plantio mais recente priorizou as áreas mais úmidas da ilha — margens de rios, regiões alagadiças e trechos de mata ciliar — ecossistemas essenciais para conter erosão, manter a qualidade da água e fortalecer a conectividade ecológica.
Entre as mudas já plantadas estão caju, buriti, açaí e aroeira, todas produzidas no próprio viveiro. Essas espécies têm alto valor ecológico e cultural para os Ãwa.
Com o início do período de chuvas, começa agora a etapa de recuperação das matas de cerrado. A comunidade se prepara para plantar todas as mudas atualmente disponíveis no viveiro, também produzidas pelos próprios Ãwa. A lista inclui:
Ipê, Angico, Pau-Jaú, Oiti, Jaca, Jatobá, Tamburil, Baru, Landim e Aroeira.
Essas espécies compõem o total de mudas que a comunidade já possui, e que serão plantadas ao longo desta fase.
Viveiro Kawú: estrutura que cria raízes e autonomia
Construído em maio deste ano com apoio técnico e institucional da ACT-Brasil, o Viveiro Kawú tornou-se o centro das ações de restauração ambiental. Ele permite a produção contínua de mudas nativas, reduz a dependência externa e fortalece a autonomia dos Ãwa no manejo do território.
Os próximos passos incluem novas coletas de sementes, ampliação da produção no viveiro e continuidade do plantio em áreas internas ainda em recuperação.

Proteção da fauna: início do projeto de cuidado com tartarugas
Paralelamente à restauração florestal, a comunidade iniciou um projeto de proteção de tartarugas da região. Parte dos filhotes recém-nascidos é recolhida e mantida sob cuidados até atingir tamanho seguro para enfrentar predadores naturais.
A aldeia demonstra interesse em ampliar o apoio da ACT-Brasil para fortalecer ações de conservação da fauna, integrando manejo comunitário, saberes tradicionais e práticas de cuidado.

Fortalecimento das roças e diversidade produtiva
Outro eixo importante em andamento é o fortalecimento das roças comunitárias. A ACT-Brasil vem apoiando melhorias para ampliar a variedade e a quantidade de alimentos cultivados, promovendo segurança alimentar, autonomia produtiva e valorização do conhecimento agrícola tradicional dos Ãwa.
Além de garantir diversidade, as roças também são espaços onde as práticas agrícolas são compartilhadas entre gerações. Crianças e jovens participam ativamente das atividades—do plantio ao cuidado diário—aprendendo, na prática, sobre o ciclo das plantas, o manejo do território e a importância da fauna e da floresta. Esse envolvimento fortalece a transmissão de saberes e integra proteção, cultura e manejo comunitário em um único processo contínuo.
Recuperação ambiental que nasce do território
As iniciativas mostram a força do protagonismo do povo Ãwa na recuperação da Ilha do Bananal. Combinando conhecimento tradicional, manejo comunitário e apoio institucional, o projeto avança como exemplo de que a restauração da floresta, e a proteção da vida, é mais potente quando conduzida por quem habita e cuida do território há gerações.



