Uma Só Saúde: o chamado dos povos e da floresta rumo à COP30

medicinas indígenas act

O que é One Health 

O termo One Health, traduzido como “Uma Só Saúde” ou “Saúde Única”, foi formalizado globalmente após o simpósio “One World, One Health” em 2004, em Nova York (EUA). Desde então, organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) vêm desenvolvendo estratégias conjuntas baseadas nesse conceito ao lado de povos indígenas e povos e comunidades tradicionais.

O conceito ganhou ainda mais relevância com a pandemia de COVID-19, evidenciando a necessidade de ações integradas para enfrentar ameaças globais à saúde, reconhecendo que a saúde humana depende da saúde dos animais e do meio ambiente.

Mesmo antes de receber esse nome, a ideia de One Health já era vivida pelos povos indígenas e pelos povos e comunidades tradicionais, que entendem a saúde humana e a saúde da floresta como indissociáveis”.

Lirian Ribeiro, Analista com foco em atuação com mulheres e medicinas indígenas da ACT-Brasil.

Saúde indígena e resiliência climática

A ACT-Brasil defende que a Saúde Indígena e a Resiliência Climática caminhem juntas, valorizando os saberes ancestrais como forma de proteger os ecossistemas essenciais à vida. O reconhecimento das medicinas próprias dos povos indígenas, incluindo suas dimensões espirituais, é fundamental para uma abordagem integral de saúde. Sem cuidar do território e de seus seres, não há bem viver possível.

Durante o I Seminário de Saúde Indígena e Resiliência Climática (24 a 26 de setembro de 2025, Rio Branco/AC), a ACT-Brasil defendeu pontos essenciais para a elaboração do Programa Nacional de Saúde Indígena e Resiliência Climática, como:

  • Demarcação, proteção e monitoramento dos territórios indígenas
  • Reconhecimento da floresta em pé como um ser vivo, espaço de cura e conexão; 
  • Manejo territorial guiado por saberes ancestrais e práticas sustentáveis
  • Políticas públicas articuladas entre saúde, meio ambiente, educação e direitos humanos
  • Cuidado construído com os povos indígenas, respeitando suas vozes e formas de organização comunitária. 

Um alerta para o Brasil e o mundo

Os debates nacionais em preparação para a COP30, em Belém do Pará, destacam que a crise climática já afeta a saúde dos povos indígenas. As mudanças no clima, somadas à pressão do agronegócio e da mineração, provocam:

  • Insegurança alimentar e perda de patrimônio genético;
  • Aumento de doenças como hepatite, diarreia, malária e arboviroses;
  • Impactos graves na saúde mental das comunidades.

“Proteger a saúde indígena diante da crise climática exige compromisso coletivo. As soluções estão nos saberes milenares dos povos, em diálogo com a ciência e com políticas públicas.”

Lirian

Rumo à COP30: uma só saúde, um só planeta

Na COP30, a ACT levará essa mensagem clara: não há saúde sem floresta, e não há clima saudável sem povos saudáveis. Discutir One Health é discutir o futuro do planeta com justiça climática e considerando toda a diversidade de saberes que contribuem para ela.

Acompanhe nossa jornada rumo à COP30 e junte-se a nós nesse debate essencial, porque cuidar da saúde indígena é cuidar do planeta.